quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Quando era pequena, descia a vereda da minha casa que me levava até o rio e pegava caramujo. Junto com ele , um bocado de folhas, gravetos e comida. Guardava num pote e levava pra casa. Cuidava deles onde quer que fosse, observava seus longos passos, dava nomes  e fazia um pequeno furo na tampa porque tinha medo de que  não conseguissem respirar. Mas que belo egoísmo, um mundo lá fora e caramujos presos num pote com um furo na tampa, pois era tudo que tinham, um pequeno orifício na tampa.
Até que numa manhã, lembro que ao acordar e ao olhá-los como de costume, estavam mortos. E foi assim, com caramujos, formigas, borboletas, joaninhas, vaga lumes, principalmente estes, nunca se escapavam de mim, vagalumes era um mérito, e todas as vezes tudo que os dava era o mesmo furinho na tampa.
Mas quando se é criança, tudo é muito fácil , a inocência é muito grande. Deixa-los sob os meus cuidados era muito mais seguro do que soltá-los no mundo lá fora, tinha amor e proteção pelos bixinhos embora  jamais compreendi a morte de cada um. 
E agora, depois de tanto tempo, o exemplo dos insetos me fez entender o que é liberdade, mesmo que com pessoas, não chegou a mudar tanto. Liberdade é dar chances a aqueles que você ama estarem ao seu lado porque querem e não porque estão presos em um pote.Porque escolhi  deixar a tampa aberta para  irem , mas também os dou motivos para voltarem. É saber dá espaço ao outro , a chance de conhecer o mundo e conhecer a si mesmo. É saber diferenciar estar ao lado e acorrentar-se a alma. É poder abrir mão mesmo que o coração implore para que não o faça. É saber guardar o passado, dar tempo ao tempo no agora e ser mais otimista com o futuro. Tudo ficará bem, desde que queira assim. E como dizia Brenna Braz, essa eterna e na minha opinião, gloriosa idealização feminina,liberdade é poder ir, mas querer ficar...
 
 
 
"Dê a quem você ama : 
asas pra voar, raízes pra voltar e motivos para ficar.''

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