segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Nem sei, GAME OVER ?


Ainda que em dias sem tempo quem sempre arranja tempo para aparecer é ela, a saudade. A ciência avança e inventam solução para tudo ou quase tudo, mas ainda não tem um jeito de se voltar de fato ao passado e de se reviver nem que seja por um instante algum momento feliz. Eu trocaria qualquer dia do futuro por um minuto de novo ao lado de quem me rouba os pensamentos. Também não há nada que tenha sido inventado que nos faça viver no presente, estamos sempre presos em um tempo que não é o agora. Estamos no passado, na lembrança feliz, na tristeza ainda não superada ou esperançosos pelo futuro no qual tudo voltará a ser como no passado ou tudo será diferente do presente. Estamos até mesmo no futuro mais próximo aguardando o relógio marcar o fim do expediente para poder ser feliz na volta ao lar ou para aproveitar o fim de semana com os amigos. Nunca estamos no presente nem que seja desejando nunca esquecer o que se vive agora. Algumas vezes a gente queria mudar aquele momento em que tudo mudou, repetir aquele abraço, retribuir aquele beijo, dizer que amava e não sabia, dizer que sabia ou até dizer que amava e sabia, mas temia. Outro dia eu pedi que ele voltasse e durante mais um compromisso eu o vi de novo, à minha frente, lindo. Era ele, era eu, o tempo mesmo que por um instante o trouxe de volta. Mas aos nos olharmos, surpresos, mesmo que por segundos reconhecemos que a gente não mais se reconhecia. Era ele hoje, era eu hoje, e o que vivemos já estava no ontem, não éramos mais como antes e não adianta a gente voltar, pois o que havia não volta junto como que por mágica. O amor é como o sono em noite de insônia, se você não está atento e sonha junto no exato momento em que ele chega o tempo dele passa. Do mesmo jeito se você não está atento no momento em que alguém chega o tempo passa e te resta a solidão. Então se tem que aceitar que o lugar dos amores que não deram certo é na lembrança e não no futuro. Não na lembrança amarga das culpas e dos erros, mas na lembrança doce de quem te deu momentos felizes. E as lembranças acolhem o que chega ao fim no amor, pois o que termina no amor é o relacionamento e não o sentimento. A relação pode durar dias, meses ou anos e um dia acabar, mas o sentimento pode ser para sempre. Pode se continuar amando, mesmo sem mais ter, ver, ouvir, mas ainda se sentir. A lua minguante tímida intimida a confessar esse amor crescente que deixa a alma cheia de vontade de te ter na nova, nova vida que a gente teria se no céu alguma estrela cadente pudesse mesmo sonhos realizar. Então, lua, eu te digo que você estava sobre nós quando por segundos nós dois nos vimos de novo testemunhando que eu não mais vejo, não mais ouço, mas ainda sinto e amo, e no dia seguinte - e em todos os que se seguiram - chega a saudade, que tantas vezes é o sobrenome do amor, para me dar de volta o nosso tempo. Assim, confesso, sim, ainda quero você como o tempo não quer nada além de ser eterno. E eu sigo pensando em como seria se você estivesse aqui ou quem sabe se eu estivesse aí.


"_Eu queria que nós pudéssemos ser amigos...
_Engraçado. É a última coisa que eu quero"
(House)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

EXagero!


Há um certo exagero em mim que não pode se calar. Falo muito e falo alto, falo muito alto. Ouço tudo, opino sempre, ofereço ajuda mesmo quando não a pedem. Trato bem até quem não merece, mas faço questão de tratar mal a quem mereça. Digo que amo a quem precisa ouvir. Não digo nada para quem não me faz diferença. Falsidade não a pratico, mas se você for falso comigo apenas lhe oferecerei a reciprocidade. Abraço apertado, beijo sem querer parar e, geralmente, não paro. Aliás, nunca paro, se cansar de mim, me tire da tomada e me coloque pra dormir. Se eu começo vou até fim, o que não quer dizer que eu siga sempre pelo mesmo caminho. Sei o que quero e busco para ter. E, quando quero, eu quero agora, quero para sempre. Quando não quero é para nunca mais querer. Tenho qualidades, tenho defeitos, sou humano, sou real, gosto dos meus erros, mas quero sempre ser alguém melhor. Carrego saudade, sonho com lembranças, planejo o futuro às vezes preso ao passado de um tempo bom que se foi. Choro, sorrio, envergonho, esforço e me canso. Sim, também vou ao banheiro, todos vão, mas poucos lavam as mãos, é esse o diferencial. Eu sempre lavo. A questão não é fazer, mas fazer direito. Não que a perfeição seja uma meta, mas não vou desperdiçar a MINHA vida almejando o imperfeito. Você que faça o que quiser com a sua. Sou sempre quem eu preciso ser. Amigo, amante, carrasco, indiferente, irmão, pai, incentivador, opositor. Há muitos outros aqui dentro de mim, mesmo que em meu meu coração ainda haja só um. Posso estar junto, posso estar distante, não importa. O que interessa é que estou sempre perto de ir cada vez mais longe. Então, me dê licença, estar fora de controle é o meu ponto de equilíbrio, e quanto a você: limite-me se for capaz.

"Às vezes dou trabalho. Mas é como ter um Rolls Royce: se você não quiser ter que pagar o preço da manutenção, mude para um Passat"
(Fernanda Young)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

E, reticências (...)


Engraçado. Você apareceu exatamente quando eu queria desaparecer. Eu te olhei de longe e achei que poderia ser um ótimo ponto final pra uma antiga história. Nós nos envolvemos e eu aos poucos fui te conhecendo. Decorando suas pintas e segredos. Seria hipocrisia dizer que não nos comparei com cada segundo do meu passado. Mas era diferente. Você realmente se importava com os detalhes. E isso era tão assustador que eu tinha vontade de ficar debaixo do edredom pra sempre brincando de fugir da realidade. Mas amanhecia e ela sempre voltava.
Naquela época eu estava quebrada no chão e você juntou aos poucos cada pedacinho da minha alma. Não criei expectativas. Fui deixando você me montar, me moldar, me abraçar. As pessoas diziam que nós fomos feitos um para o outro. Aquilo não fazia o menor sentido, mas eu adorava quando seu nome aparecia na tela do meu celular no meio da madrugada.
Ficar por perto era como dormir sem escovar os dentes. Eu gostava do risco, mas algo ainda me fazia voltar instantaneamente no tempo. Um aperto. Um espaço. Um voz. Um lugar dentro de mim onde você ainda não conseguia alcançar direito. Eu rezava para esses fantasmas pararem de me atormentar. Fechava os olhos e morria de medo de alguma coisa sair pela minha boca sem querer. Trocar os nomes e as datas.
Os dias foram se passando e cada vez eu me lembrava menos. Ainda me sentia a pior pessoa do mundo, mas acordar ao seu lado, enxergar o sol clareando o quarto pela manhã e ver o seu sorriso se aproximar da minha boca transformando-se em um beijo doce e demorado camuflava a culpa.
Porque diabos a ordem cronológica dos meus sentimentos nunca corresponde com a realidade? Queria poder dividir meu coração em dois. Tirar pra fora a parte infectada. Será que existe médico para isso? Inventaram o nome para essa doença? Tem cura? Eu venderia aquele colar com pedrinhas verdes que ganhei da minha mãe para pagar. Trocaria todas as coisas que posso guardar na gaveta da minha penteadeira por meia dúzia de certezas. Nem precisa tanto vai, por uma só.
Domingo passado estive frente a frente com o meu passado. Sinceramente não sei se estava pronta. Nossos olhos se cruzaram e por alguns minutos foi como se você nem tivesse existido. Queria ser Chronos. Foi tão difícil resistir e ouvir aquelas histórias. Eu poderia correr pra longe, mas fiquei ali, congelada, enfrentando o conjunto de moléculas que eu jurava ser o único que conseguiria me fazer feliz de verdade nessa vida. Quando as protagonistas dos filmes fazem isso parece tão mais fácil.
Eu achava que a álgebra era difícil. Que a prova final do terceiro ano de matemática tinha sido a coisa mais complicada que consegui resolver. Mas aí eu cresci e vi que certas questões em nossa existência exigem mais da gente do que algumas semanas de estudo. Colocar sentimentos e atitudes na balança não é tão simples, mas dessa vez o final da história foi diferente. Não voltei pra casa mais uma vez me sentindo uma idiota solitária que não sabe o que quer. Tudo por mim, por você, pelo que vem aí pela frente. Não vou deixar nossas vidas tomarem rumos opostos. Meu coração é estrábico, mas acho que conseguimos lidar com isso e com aquelas outras coisas que ainda vou te contar no caminho.